"Tms q aprndr a ler u mund ntndnd us códgs pls cuais l é, lit ralmnt, scritu."

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"O Lixo é um Luxo." "O saber é o princípio, e a fala, e o verbo." "A Suprema Sabedoria ensina que o certo é não subir muito alto, nem descer muito baixo." (Professor José da Cruz)

Todos os caminhos. Todas as vidas. Todas as sensuras. "A vida é um curso e um percurso. É preciso aprender. É preciso caminhar." (Prof. José da Cruz)

Quem sou eu

Humorista,professor,jornalista, fotógrafo, católico, questionador, humano, amante das artes Rsssrsrsssrs

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O Códio D'Vince... e Dan Brown é uma Piada de mau Gosto.

Alguns esclarecimentos sobre “O Código Da Vinci” – O Filme.
(Por José da Cruz)


Antes, é bom lembrar que não sou doutor no assunto, nem coisa que o valha... No entanto por ser professor e ser sempre questionado a respeito do assunto, com referência à polêmica entre o mencionado filme e a minha religião...
resolvi aclarar alguns pontos doutrinários(dogmas e fé) e históricos(verdades/fatos) a respeito das duas tendências.
Depois de vender milhões de exemplares, graças a uma forte campanha de marketing e a uma bem montada história policial, apimentada por “segredos”, códigos, suspenses, ritmo alucinante e, sobretudo, por uma odiosa campanha contra o cristianismo, e em especial contra a Igreja Católica, (da qual faço parte com orgulho, por opção própria e entendimento dogmático), a obra de Dan Brown intitulada “O Código Da Vinci” está nos cinemas, locadoras, camelôs... livrarias... Oras, bolas... se até pessoas consideradas cultas, entendidas...ficaram meio que ”surtadas” com as afirmações dessa obra, por não disporem de conhecimentos para refutar suas teses falsas ou mirabolantes... imaginem o mal que a obra poderá fazer ao povo cristão em geral, levando-o à dúvida ou à desconfiança quanto à verdade que sempre lhe ensinaram sobre Cristo e a Igreja. Para o nosso povo católico, em particular; a todos aqueles que interessarem, aos cristãos e ao povo em geral, portanto; tentarei aclarar alguns escorregões, talvez premeditados, nessa obra. Comentaremos apenas os maiores absurdos, porque se fôssemos comentar tudo... meu Deus do céu... montaríamos uma obra maior que o próprio livro/filme em questão.

Algumas pessoas não entenderam o porquê de tanta polêmica em torno do assunto... está claro que isso vende exemplares e ingressos e além do mais causa bastante problemas e desgastes à Igreja Católica Apostólica Romana. Quer prato mais cheio pra mídia?!

Em primeiro lugar O Código Da Vinci não é um livro de história. É uma novela policial, uma obra de ficção, de imaginação. E como tal é um produto de fantasia e criatividade do autor, que, neste caso, fora os ciúmes de escritor, temos que reconhecer, trabalha magnificamente bem. Muitos entusiastas já explicaram o cardápio para se fazer um bom bestseller, também darei a minha dica: misture fatos reais com fatos fantasiosos, mitos com realidades, personagens históricos com personagens imaginários, introduza um par romântico com cenas apimentadas, coloque algumas afirmações que gere polêmicas principalmente relacionadas à crença/fé/sexo e pronto... vende pra caramba!

A obra também não é uma novela histórica, novelas ou romances históricos procuram reconstituir com exatidão determinado ambiente histórico ou determinados personagens. O Código gira em torno de lendas, como a do Santo Graal ou O Casamento de Jesus Com Maria Madalena. Não basta mencionar fatos e personagens históricos para que uma obra seja considerada novela histórica. O livro de Brown cita fatos históricos verdadeiros misturados com falsificações e interpretações mirabolantes, mentirosas e tendenciosas, inspiradas por um grande e inexplicável ódio à Igreja Católica. Essa mistura é que pode confundir os leitores, que não são obrigados a conhecer em minúcias a História.


Vamos ver erros factuais comuns na obra. Existem afirmativas errôneas de Dan Brown que faremos a correção: Ex.: “Paris, capital da França, foi fundada pela dinastia real dos merovìngios.” Escorregou – Paris foi fundada pelos Parisii, tribo francesa, no século III antes de Cristo, cerca de 800 anos antes da dinastia merovíngia.

“Os manuscritos do Mar Morto foram descobertos na década de 50 (1950) do século passado e contêm a a história do Santo Graal.” Errou – Eles foram descobertos em 1947 e contêm cópias de livros da Bíblia e outros escritos dos essênios, como a regra da comunidade essêniense. Nada consta ali de Santo Graal.

“A vida de Jesus foi objeto de milhares de relatos na Antigüidade e de mais de 80 evangelhos.” Tiro no escuro – Até os dias de hoje milhares de livros se escreveram sobre Jesus, mas na Antigüidade o número foi muito menor, porque quase não havia escolas, não havia imprensa, os pergaminhos e papiros eram muito caros e pouquíssimas pessoas sabiam ler e escrever. Quanto aos “80 evangelhos”, este é um número sem fundamento algum; provavelmente Dan, numa de suas costumeiras confusões, considerou os escritos apócrifos em geral como “evangelhos”. Mas são muito poucos os escritos das seitas heréticas, com a dos gnósticos, que se denominavam “evangelhos”. Por exemplo: em Nag Hammadi, no Egito, foram descobertos mais de 50 escritos gnósticos: entre eles, apenas 5 se denominavam “evangelhos”. Errou o tiro Brown.


“O Imperador Constantino escolheu apenas quatro evangelhos como verdadeiros, porque serviam a seus fins.” Grave erro histórico meu caro – Antes de Constantino nascer – ele é do século IV d.C. - , os quatro Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João eram conhecidos e considerados como os autênticos testemunhos de Jesus, de acordo com o ensino dos Apóstolos. Somente eles são citados no Cânon de Muratori, do século II, como autênticos; somente eles são harmonizados no Diatesseron (tradução - os quatro Evangelhos num só) de Taciano (séc. II) e somente eles são mencionados pelos Padres da Igreja e por bispos do séc. II – a citar alguns... Inácio de Antioquia, Justino Mártir, Irineu de Lião, etc. – como aceitos na igreja. Putz! é melhor corrigir a pontaria.


“Jesus só se tornou divino a partir do Concílio de Nicéia; o Imperador Constantino convocou esse Concílio para que ele declarasse a divindade de Jesus.” Eca! – O Imperador convocou o Concílio, que se realizou em 325 d.C., para discutir as idéias de Ário, um padre da Alexandria, o qual afirmava, (em resumo), que Jesus era inferior ao Pai, e estas idéias novas estavam provocando muita polêmica. O Concílio, por 300 votos contra 2 – e 16 abstenções – reafirmou a doutrina tradicional cristã: Cristo é Deus, como o Pai e Espírito santo. Jesus é o Filho de Deus encarnado. Isso não é invenção de Constantino, pois é a fé que se expressa em todo o Novo Testamento, escrito no século I por Apóstolos ou discípulos diretos dos Apóstolos. Tá vendo o que dá não ir à aula de religião?!

“Entre esses evangelhos censurados pela Igreja estaria o lendário Documento Q, talvez escrito pelo próprio Cristo – pág. 242. “ – Puxa vida, Danzinho! Você parece que viu a estrela brilhar mas não sabe a direção... acorda! – O Documento Q não é um evangelho, mas uma hipótese sugerida por estudiosos para explicar as palavras de Jesus que constam nos Evangelhos de Lucas e de Mateus, mas não constam dos Evangelhos de Marcos e João. É que os dois se teriam abastecido dos ditos de Jesus que já teriam sido escritos anteriormente pelos cristãos – não por Cristo! Esta seria a fonte (pois Quelle – “Q” em alemão, daí a letra Q para designar o documento) que os dois evangelistas teriam usado. Essa hipótese é aceita pela maioria dos estudiosos, mas não por todos. – Vá estudar meu filho!


“Os livros da nossa Bíblia, sobretudo os Evangelhos, sofreram incontáveis traduções, acréscimos, revisões...” É, é verdade, que foram muito traduzidos; quanto aos incontáveis acréscimos e ou revisões, isto é desmentido pela própria filologia bíblica (filologia – estudo dos textos bíblicos antigos). Temos papiros com textos do Novo Testamento datados dos anos 125, 150, 200, 220, etc, e esses textos são iguais aos de hoje, com mínimas variantes, atribuídas a erros de copistas. Vejam o que diz um estudioso da Bíblia, Rudolf Thiel: “A Providência Divina não se limitou a dar à humanidade, na Bíblia, a revelação divina, mas também se preocupou a fim de que estes livros do Novo Testamento permanecessem essencialmente inalterados através dos séculos. Todo aquele, pois, que estiver familiarizado cientificamente com os manuscritos do Novo Testamento devem admitir que nenhum livro da Antigüidade foi transmitido com tanta limpidez, com tanta certeza e precisão quanto a Bíblia.” (98% do texto do NT pode ser hoje reconstituído sem qualquer dúvida razoável).


“Constantino é que tornou o cristianismo religião oficial do Império Romano.” Que disparate, caro Brown! – Qualquer simples consulta a qualquer manual de História lhe teria ensinado que essa medida foi tomada pelo Imperador Teodósio, que governou Roma de 379 a 395 d.C. – Não tem internet, né?! Pois é.


“Jesus, como Messias, derrubou reis, fundou novas filosofias...” Que invencionice mais cafona e sem cabimento! – Não existe nenhum registro do mundo antigo mostrando que Jesus tenha derrubado algum rei: pelo contrário, Ele foi preso, julgado, condenado e morto. E também não era filósofo, mas um pregador religioso intinerante. Tô quase dizendo igual ao Golias da “Praça é Nossa”: - ‘Istuda minino!’


“Brown atribui ao personagem Jacques Saunière, idoso e mortalmente ferido, ter retirado da parede um quadro de Caravaggio, no Museu do Louvre.”
- Que barbaridade, Mister Brown! V. Sa. esqueceu de ver o peso do quadro: cerca de 100 quilos. – Ai, essa doeu!


“Ah neim, Brown, que chato! – “A certa altura de sua história, a personagem Sopie Neveu procura chantagear um dos guardas do referido Museu, ameaçando rasgar a tela do quadro ‘A Dama das Rochas,’ de Leonardo da Vinci. “
- Que lástima! – Esse quadro não foi pintado em tela, mas em madeira. – Oh! Não vale dizer: “Foi mau.”


“No filme afirma mais de uma vez, que ‘A Última Ceia’, do mesmo Leonardo, é um afresco.” – Putz! Não é. É mais uma simples pintura mural que utilizou outra técnica, aplicando têmpera sobre uma base fina, numa parede de pedra.


“Dan declara que a pirâmide de vidro construída no Governo François Miterrand na frente do Museu do Louvre, teria, propositalmente, 666 placas de vidro fazendo alusão ao número 666 do Livro do Apocalipse – número da perseguidora besta anticristã.” - Perdeu aulas de matemática, também Dan? – Na realidade, a pirâmide de vidro construída no Governo de Miterrand, em frente ao Museu do Louvre, possui 675 vidros em formato de losango e outros 118 retangulares. - Se o seu problema for mais sério com esta matéria a gente chama o João Bento... Rsrsrsrsrsrsrs.


Com relação à Opus Dei (que quer dizer Obra de Deus) e que Dan procura desmoralizar... é uma organização fundada em 1928 por São Josémaria Escrivã de Balaguer, um padre espanhol. O Papa João Paulo II concedeu-lhe o status de prelazia pessoal, isto é, subordinada diretamente ao Papa. A finalidade da Opus Dei é levar seus membros à vivência séria e profunda do Evangelho, em todas as classes sociais, especialmente por meio da santificação do trabalho profissional, contribuindo dessa forma para a santificação do mundo. Isto é conseguido por meia da prática das virtudes cristãs, da oração e do sacrifício, conforme proposto no livro “Caminho”, de autoria do fundador. Os fiéis que desejam ingressar na instituição o fazem livremente. Ela possui na atualidade cerca de oitenta mil membros. Sua sede encontra-se em Roma. Ela tem sustentado muitas obras de promoção humana e social em países subdesenvolvidos.


Não dá pra dizer que a Opus Dei, obriga seus membros a mortificações corporais, não é correto; ela propõe, entre muitas alternativas de sacrifícios e penitências, também a possibilidade de mortificações corporais, para que seus membros se unam mais intimamente à paixão de Cristo. E tem mais, mortificações corporais como o jejum, o cilício, a disciplina sempre existiram na história da Igreja. O próprio São Paulo dizia que castigava o corpo para reduzi-lo à servidão (tá lá em 1Cor 9,27). Muitos santos o imitaram, assim como várias congregações religiosas. Isto não é novidade, mas nada tão dantesco como Dan propaga e quer fazer crer...


A questão das calúnias diretamente à Opus Dei é até meio que compreensível.... Ela trata-se de uma organização que trabalha discretamente, até para poder melhor desenvolver seu apostolado específico, o de imitar a Cristo no próprio trabalho e agir na sociedade. Na falta de informações, surgem as lendas. Uns poucos ex-membros, que saíram magoados da Organização, (por um motivo ou outro) fizeram depoimentos – como o publicado recentemente pela revista Época - marcados por mágoas ou ressentimentos. A Opus Dei é combatida também por pessoas de esquerda, porque deu seu apoio político à Democracia Cristã e não combateu o franquismo, quando este dominava a Espanha. Quanto ao personagem Silas da novela de Dan Brown, é uma criação pessoal deste autor, que não tem nada a ver com a Opus Dei. Mostrar esta organização como capaz de todos os crimes para chegar a seus fins é uma difamação mentirosa, inescrupulosa, odiosa e sem nenhuma lógica.


É até bom lembrar aqui a respeito de perseguições descabíveis e ilógicas, como campanhas de difamação... a bem aventurança evangélica: “Felizes sois vós quando vos insultam, vos perseguem e, mentindo, disserem toda a espécie de mal contra vós, por minha causa. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque é grande a vossa recompensa nos céus: foi assim, com efeito, que perseguiram os profetas que vos precederam.” (Mt 5, 11s).


Sobre evangelhos apócrifos, Dan afirma: “A igreja escondeu muitos evangelhos, que nos dariam a verdade sobre Jesus, mostrando-o mais humano e casado com Madalena.” Mais falso que isso só nota de duzentos centavos. – O que aconteceu foi o seguinte: no tempo em que os Apóstolos ainda viviam, ou seja, no séc. I d.C., foram escritos quatro Evangelhos, por eles mesmos (Mateus, João) ou discípulos seus (Lucas, Marcos). Esses quatro escritos logo adquiriram a aceitação da Igreja, por terem atrás de si a autoridade apostólica, as testemunhas autorizadas (por afinidade e presença ocular) na Vida de Jesus. Eles passaram, gradualmente, a ser lidos na liturgia. Mas, quando o cristianismo começou a estender-se por outras regiões, sobretudo em volta do Mar Mediterrâneo, encontrou muitos e diferentes crenças religiosas e filosóficas: o helenismo (especialmente o platonismo e o estoicismo), o parsismo (religião originária da Pérsia), as religiões pagãs e politeístas, sobretudo da Grécia e de Roma, os cultos de mistério (gregos ou egípcios), especulações judaicas não ortodoxas, etc.
Muitos adeptos dessas religiões ou crenças aceitaram também algumas doutrinas cristãs e o papel salvador de Cristo, mas misturaram tudo isso com as suas próprias visões culturais e religiosas. É o que se chama de sincretismo. Passaram a ensinar doutrinas que nada tinham a ver com o cristianismo original, ou que o deturpavam em pontos importantes (levando as pessoas a “heresias”). Os sucessores dos Apóstolos ficaram preocupados com a situação e passaram a definir quais eram os escritos aceitáveis para os cristãos e para a leitura nas liturgias, selecionando somente aqueles que vieram dos Apóstolos ou de discípulos a eles ligados diretamente como “escritura inspirada”. Outras obras foram consideradas úteis e edificantes, embora não inspiradas. É este o caso. Assim tem registros e escritos comprovando.


Houve também livros que não foram escolhidos, mas desaconselhados, por expressarem doutrinas incompatíveis com o cristianismo, entre eles os escritos gnósticos. Esses ficaram restritos às seitas ou grupos heréticos que os produziram. Na medida em que eles foram desaparecendo, eles também se perderam. Mas foi exatamente graças aos chamados “Padres da Igreja” (os primeiros escritores cristãos) que a existência de muitos desses apócrifos chegou ao nosso conhecimento. Pois, para refutá-los os Padres costumavam citá-los e resumir a sua doutrina. Evidentemente, eles exortavam também os cristãos a não lerem esses livros, para não colocar a sua fé em perigo.


É preciso não esquecer, igualmente, que muitas dessas seitas procuravam manter esses escritos como secretos (é o que significa a palavra “apócrifos”), acessíveis somente aos “iniciados”. Não é verdadeira, portanto , a afirmativa que se lê constantemente em artigos sensacionalistas da nossa mídia, segundo a qual a Igreja “escondeu” esses escritos apócrifos. O que ela fez foi algo necessário e fundamental: discernir e separar o joio do trigo. Taí... falei.


Quanto ao aspecto “humano” de Jesus, é preciso informar que os gnósticos consideravam o corpo como mau; por isso, muitos tinham dificuldade em aceitar que Deus Filho tivesse realmente assumido um corpo humano. Esses “evangelhos” não contêm narrativas, como os evangelhos canônicos. Neles, Jesus é apenas um mestre que fala e ensina. Eles não nos falam da humanidade de Jesus, de suas emoções, de seus sofrimentos e lágrimas, de sua fome e sede, de seu cansaço.... Portanto, os quatro evangelhos verdadeiros é que nos mostram a humanidade do Salvador.


E para completar: os escritos apócrifos são tardios, elaborados nos séculos II, III e IV d.C. Os quatro evangelhos canônicos, ao contrário, foram escritos poucas décadas após a morte de Jesus. E aí é claro até o bom senso indica que esses deveriam ser os escolhidos.



Só para esclarecer os gnósticos eram um conjunto de seitas que se desenvolveram sobretudo a partir do século II d. C. Além dos cristãos gnósticos, existia um gnostiscismo não-cristão, como algumas idéias semelhantes: o hermetismo (doutrinas secretas, de cunho filosófico-religioso, que se desenvolveram especialmente no Egito) e o gnosticismo popular, criado por Simão, o Mago, que se orientava para a magia, com fórmulas secretas, cerimônias e ritos mágicos.


Aclarando: em 1945 foi descoberta em Nag Hammadi, no Egito, uma biblioteca gnóstica, com cerca de 50 títulos, conservados graças ao clima seco do deserto. A maioria desses documentos pode ser datada do séc. III ao séc. IV d. C. Recentemente descobriu-se também um texto chamado de Evangelho de Judas, escrito em copta, do séc. III ou IV d. C. Trata-se de um escrito da seita dos cainitas, cuja especialidade era revalorizar as pessoas que a Bíblia censura: Caim (do qual deriva o nome da seita), que assassinou seu irmão Abel; Esaú, (o irmão- inimigo de Jacob); Coré, (que se revoltou contra Moisés); Judas, (que traiu a cristo), etc. Como vêem, essa seita era a “do contra”. Como algumas pessoas, né Dan?!

Também é claro que Judas não escreveu nenhum Evangelho, pois suicidou-se logo após a prisão de Cristo. E o que o Senhor pensava dele está escrito nos Evangelhos verdadeiros: “O Filho do Homem se vai, conforme está escrito a seu respeito. Ai, porém, daquele por quem o Filho do Homem será entregue! Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido.!” (Mt 26, 24).


Quanto aos gnósticos, estes em geral, tinham doutrinas complicadas e confusas, e nem sempre coerentes. Apresentavam mitos fantásticos sobre Deus, a criação de anjos e demônios e as hierarquias ou poderes espirituais, que chamavam de “éons”. Ler atualmente a maioria desses livros é um desafio à paciência. Algumas idéias, que hoje nos parecem meio malucas, mas eram compreensíveis dentro da cultura dominante em algumas daquelas regiões, eram comuns à maioria dos gnósticos:

a) A distinção entre uma Potência Suprema, espiritual, que era o bem, e o Demiurgo, criador da matéria e dos corpos, que são maus e dominados por potências más ou imperfeitas. Esse demiurgo, em muitas correntes gnósticas é uma espécie de Satanás.
b) O drama dos seres humanos reside no fato de possuírem em si uma centelha espiritual (o bem), que ficou aprisionada no corpo material (que é mau).
c) A salvação (que, para eles, consistia na libertação desse espírito aprisionado), é obtida apenas pelo “conhecimento” (em grego, “gnosis”).
d) Este conhecimento, por sua vez, era alcançado pela iniciação nos segredos da seita, acessíveis a poucos. Um Salvador veio do mundo espiritual para reconduzir até o mundo superior, espiritual, as almas dos eleitos.

Segundo o “Código Da Vinci”, os gnósticos eram veneradores do “sagrado feminino”, ao contrário da Igreja. Que tonteira Dan. O que acontece é que um dos gnósticos mais conhecidos do séc. II d.C., chamado Valentino, foi o autor de um sistema mitológico baseado na conjunção de entidades masculinas e femininas. Para ele, a partir de Deus, que era chamado de “Abismo” e de “Silêncio”, havia emanações sucessivas em pares de “Poderes” (que ele denominava “éons”). Um dos éons inferiores era Sofia (Sabedoria), que teve uma “queda” e originou o Demirugo, o qual criou o mundo material. Os homens criados distribuíam-se em três classes: os carnais (materialistas, incapazes de salvação). os psíquicos (que podem alcançar algum conhecimento espiritual) e os espirituais, os únicos que podem receber com certeza o verdadeiro conhecimento e a salvação.


Como as teses de Valentino eram adotadas por alguns dos documentos de Nag Hammadi, Dan Brown pode ter-se baseado nessas idéias para falar de culto do “sagrado feminino” entre os gnósticos. Mas é absolutamente falso afirmar que os ganósticos, em geral, cultuavam a mulher. A maioria, pelo contrário, demonstrava aversão à mulher (misoginia), como podemos comprovar no texto gnóstico conhecido como “Evangelho de Tomé”.
“114 – “ Simão Pedro lhes disse: ‘que Maria saia de nosso meio, pois as mulheres não são dignas da Vida.’ Jesus disse: ‘Eis que vou guiá-la para torná-la macho, para que ela se torne também espírito vivo semelhante a vós, machos. Pois toda mulher que se fizer macho entrará no Reino dos céus.”

Outro exemplo que podemos dar é o Livro de Tomé Lutador que lança a seguinte maldição: “Ai de vós que amais a relação sexual, que pertence à feminidade e sua sórdida coabitação.” (Trad. cf. Bentley Layton).

Para concluir, apesar de falarem na existência de “éons” femininos, os gnósticos tendiam a desprezar as mulheres concretas; afinal, eram elas as principais responsáveis pela geração dos corpos, e os corpos, para eles, eram maus...



Sobre o tal “sagrado feminino” que Brown tanto apregoa em seu livro é o seguinte: na antiguidade, os povos pagãos tinham muitos deuses (e deusas) – é que se chama “politeísmo”. Assim, os romanos cultuavam, ao lado de deuses como Júpter (deus supremo), Saturno (deus do trigo), Fauno (deus dos rebanhos), Netuno (deus do mar), Marte (deus da guerra), as deusas como Diana (deusa da caça e da castidade), Vênus (deusa do amor), etc. O mesmo ocorria entre os gregos: desuses como Zeus, Aes (da guerra), Apolo (da luz), Poseidon (dos mares)... e deusas como Afrodite (do amor), Atena (sabedoria) Ártemis (da caça e das florestas)... a mesma pluralidade de deuses e deusas encontramos na Mesopotâmia, em Creta (culto da “Grande Mãe”, deusa da fecundidade e da agricultura), na Fenícia, no Egito e em muitos outros países. Como se vê, tais deuses e deusas representavam forças da natureza, astros, sentimentos humanos, e assim por diante. O sagrado era masculino e feminino, por incluir a adoração de deuses e deusas.

O judaísmo e o cristianismo, ao contrário, receberam, pelos seus profetas, a revelação de um Deus único, criador de todas as coisas, acima dos homens e de suas paixões (isto é, “transcendente”); um Deus espiritual, não sexuado. Portanto, quando Dan Brown combate a religião cristã porque ela não cultua deusas, ele se esquece de que nosso Deus não é “masculino”, pois não tem sexo. Mas o que ele deseja é a volta ao paganismo, a volta ao culto de deuses e deusas – do sol, da lua, da terra, da água, etc. Um tremendo e incompreensível retrocesso! Credo Danzinho, bastava ter ido nas aulas de religião do Pe. Luís Lima. Rsrsrsrsrs.

Muitas dessas religiões pagãs tinham em seus cultos e templos as “prostitutas sagradas”, com as quais os fiéis ou os sacerdotes uniam-se sexualmente, para imitar os deuses e conseguir a fecundidade e a fertilidade dos campos. Esse coito era chamado de “casamento sagrado” (em grego, hierós gamos). Dan Brown pelo visto (como é muito moderno _ isso é ironia, viu?) parece desejar introduzir esses costumes nas nossas religiões do séc XXI, (barbaridade!) Mas é o que ele mostra em muitos trechos do seu livro, como nas págs. 122 e 289 a 294. Shophie Neveu havia ficado horrorizada quando presenciou uma relação sexual dessas como parte de um culto, no castelo de seu avô, mas o personagem Landon procura convencê-la de que era o melhor ato de culto, a melhor forma de experimentar o divino e dele ter conhecimento! (Putz!) Para isso emprega palavras bonitas, raiciocínios sedutores... mas a realidade crua e nua é esta: relações sexuais nas igrejas, como parte do culto. É disso que se trata, quando ele fala do “sagrado feminino”. Ô Dan, tenha paciência, nunca ouviu falar em motel?! Xô.

É preciso deixar claro que os cristãos primitivos não tinham culto ao sagrado feminino com relação a Madalena. Eles veneravam, sim, a Madalena, pela sua fidelidade a Jesus. Mas o Sr. (Mister – desculpe!) Brown afirma que a Igreja eliminou o culto a Maria Madalena para abafar o “sagrado feminino” no cristianismo. O tonto chega a afirmar que a Igreja até proibiu o seu nome (págs 241, 246)! Mentira deslavada e contradição histórica, pois Maria Madalena é cultuada pela Igreja como uma de suas maiores santas, festejada no calendário litúrgico, no dia 22 de julho. Ela é tida como a “apóstola dos apóstolos”, pois foi encarregada de levar a eles a notícia da Ressurreição de Jesus. E é uma das poucas pessoas invocadas na solene “ladainha de todas os santos”. Os quatro evangelhos verdadeiros, nos quais Dan Brown nunca se baseia, são unânimes em testemunhar seu amor, coragem e fidelidade a Jesus, a quem seguiu até o Calvário, juntamente com outras mulheres. Portanto, só mesmo pessoas muito ignorantes em religião poderão acreditar nessas invencionices do Brown.

E tem mais os cristãos jamais se prestaram a esse tipo de culto sexual, pois desde o início aprenderam a cultuar ao Deus único: (em três pessoas) Pai, Filho e Espírito Santo, adorando-O em espírito e em verdade.

Quanto ao fato de Dan insistir que Jesus era casado com Madalena, alegando que naquele tempo não se aceitava um judeu solteiro, celibatário... Puxa Dan, um pouquinho de conhecimento histórico não lhe faria mal algum... Conhecimento bíblico também você não tem nenhum, que coisa, einm?! Tá difícil. Você afirma que os judeus também cultuavam o sagrado feminino, pois adoravam a deusa Shekinah no templo de Jerusalém. Os judeus devem ter tido ataques de raiva – ou de gargalhadas – quando leram isso. Shekinah não é nome de deusa, Danzinho, mas palavra usada pelos rabinos para designar a presença de Deus (laweh) junto a seu povo, a sua Glória, especialmente na arca da Aliança ou no Templo. Nenhuma instituição combateu tanto os cultos idólatras politeístas e os “casamentos sagrados” como o judaísmo!

Quanto ao estado celibatário de Jesus, bastaria ao Mister Brown ler um pouquinho só a história sagrada, vamos lá... Se Jesus tivesse sido casado, os evangelistas não teriam tido o menor problema em registrar o fato pois quase todos os apóstolos eram casados; Noé, Abraão, Isaac, Israel (Israel aqui é o Jacó, viu Brown), Moisés eram casados.Mas os Evangelhos nunca mencionam uma pretensa esposa de Cristo. ao contrário, registram sua palavra, e olha só o que Jesus disse: “Com efeito, há eunucos que nasceram assim, desde o ventre materno. E há eunucos que foram feitos tais pelos homens. E há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos Céus. Quem puder compreender, compreenda!” (Mt 19,12)). Evidentemente, compreensão desse tipo não é o seu fraco, né Dan?!

Por outro lado, o celibato não era assim tão incomum entre pessoas dedicadas a Deus: os essênios não se casavam. São Paulo não se casou, nem o profeta Jeremias, nem João Batista.... e todos eram judeus! Vê se aprende, Brown.

Brown cita, através de seus personagens, cita um Evangelho para provar que Madalena era a companheira de Jesus. Isso é uma besteira. Pra começar o Evangelho citado era o Evangelho de Filipe, escrito da seita gnóstica que está na biblioteca de Nag Hmmadi. Lembremos que essa obra não é do tempo de Cristo. Ela utiliza falsamente o nome de um apóstolo porque as seitas costumavam fazer isso para dar autoridade a seus escritos. Esse “evangelho” (entre aspas) é do séc. III, mais de 200 anos posterior à vida de Jesus! O trecho dele que é citado no Código Da Vinci está muito danificado e faltam algumas palavras, mas é possível ler que alguém (supostamente o Cristo) amava Madalena mais que os outros discípulos e a beijava na... (falta a palavra). Os personagens “cultos” de Dan imaginam que se trata de um beijo na boca e que isso seria prova de que Jesus e Madalena seriam casados. Para concluir assim, é necessário ignorar muitos costumes gnósticos do séc. II d.C. Esse Evangelho de Filipe, por exemplo, (págs. 58, 34-59) explica o seguinte: “Por isso, a palavra perfeita concebe e dá nascimento por meio de um beijo,. Por essa razão, nós também nos beijamos uns aos outros. Somos concebidos pela graça que nos é comum”. Fica claro, portanto, que o beijo, para eles, eram sinal de amizade e de fraternidade, entre irmãos pela crença. Além disso, os mestres gnósticos beijavam os discípulos como símbolo da transmissão da verdade a eles. Como a salvação, para os gnósticos, vinha através do conhecimento, e este era obtido pelo ouvido ( quando escutavam a fala da boca de um mestre), este utilizava a mesma boca, no beijo, para simbolizar a transmissão da verdade. Não se sabe onde era dado o beijo, mas provavelmente era na fronte ou na face. Assim sendo: esse beijo gnóstico era um rito e não tinha nenhum conotação sexual como pensa Mister Brown. Assim dá pra entender a questão desse Evangelho quando afirma que o mestre tinha muito apreço pela discípula Madalena, a ponto de lhe comunicar muitos conhecimentos (representados pelos beijos). Pois o mesmo Evangelho afirma, poucas linhas adiante, que a relação sexual é poluída. E conclui: “É na poluição que reside sua imagem”. Dan, simplesmente,e como sempre né Dan? confunde a relação mestre-discípula coma relação marido-mulher. Em nenhum momento do Evangelho de Filipe se afirma que Jesus era casado com Madalena.